sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sobre peixinhos dourados e aves

Escrevo por que preciso, não porque quero. 
As ideias e pensamentos forçam sua saída, não sou eu quem escolhe quando e o que escrever. É involuntário.
Mesmo sendo dono de minhas ideias, não sou seu senhor. Minhas ideias são livres para ir e vir, são livres para mudar a seu bel prazer. Para se adaptarem como melhor lhes convir. 
A liberdade que dou às minhas ideias e retribuída na mesma moeda. Sou livre para ser feliz por não ser escravo das ideias que deixo livre. 
Ser escravo de ideias é o mesmo que se ver preso em um aquário: pode-se ver o mundo, mas uma barreira invisível nos mantém dele. Nos protege, sim, dos perigos - a maioria; não todos - do mundo mas, protegendo, nos impede de viver as possibilidades ilimitadas que só se apresentam a quem se arrisca.
Não sou peixinho dourado (apesar de loiro) para viver limitado pelas paredes invisíveis que as ideias cristalizadas criam; paredes de vidro que pensamos - acreditamos - nos protegem mas que, num confronto direto se estilhaçam, ferem, desestabilizam.
Não sou peixinho dourado. Sou andorinha, águia, condor, pomba. 
Sou Condor porque, ao não ser escravo das minhas ideias, tenho a envergadura da maior ave de todas. Voo alto sem esforço.
Sou Águia pois a liberdade nos da a habilidade de ver (mais do que enxergar) muito alem do obvio.
Sou Andorinha por que, não sendo refém de ideias, tenho agilidade, velocidade. Mudo de direção tão pronto quanto desejar; tão imediato quanto pensar, me esquivo para fugir ou lutar. 
Sou Pomba pois, mesmo desbravando novos horizontes e possibilidades, jamais me esqueço minha origem e, quando desejo, retorno ao que era sem pestanejar. 
Sou as quatro aves juntas e, ao mesmo tempo, nenhuma delas. Sou coerente. Sou livre. Sou feliz. 
Nossa liberdade, como a de qualquer ser vivo, é fonte inesgotável de felicidade. Mas somente para aqueles que sabem tirar proveito desta liberdade. 
Todos os que não sabem fazer bom uso da liberdade que possuem ou que ignoram as responsabilidades que a liberdade demanda (sim, liberdade não é isenção ou inexistência de responsabilidade - isso é libertinagem - muito pelo contrario).
Um dia conclui que o homem deixaria de ser homem se, um dia, não existissem mais responsabilidades. A falta ou inexistência de responsabilidades instaura a loucura.
O Homem sem responsabilidade se torna selvagem, retorna às origens animalescas. 
A ciência prega que o que difere o Homem dos animais é sua capacidade de pensar. Pensar irresponsavelmente e, consequentemente, agir da mesma maneira, é deixa de ser humano. 
Ser ou não ser escravo das suas ideias implica em ser ou não responsável por elas. 

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