segunda-feira, 18 de junho de 2012

AUTOFAGIA

Este texto escrevi ha mais de 10 anos. Encontrei ao folhear um antigo caderno de rascunhos. Sei que, de alguma forma este poema tem algo de imaturo, mas, ao mesmo tempo, me agrada pois tem alguma profundidade. Espero que gostem.


AUTOFAGIA

Tudo o que sei
Mostra tudo o que fui.
Não sei nada, 
Não fui ninguém. 

Sabedoria adquire-se.
Aconhecimento, se ganha.
amores, se perdem.

Tudo pelo que lutei 
some como a luz ao anoitecer.
Tudo que sempre fui
Morre como a noite ao amanhecer.

Morro a cada erro
Renasço a cada beijo.

Noites eternas de solidão
são ilhas de tristeza
em um mar de alegria, 
Minutos de certeza.

Certeza de que o amor não acabou.
Certeza de que amando sou amado.
mas o remorso me corrói a alma 
e o dia torna-se noite
e o amor e a alegria, 
nesse instante, 
são dor e autofagia.

Me consumo, 
Me devoro. 
Minha alma

Autofagia!
em analogia à 
Antropofagia.

Autofagia!
Consumo próprio
da própria carne.
Como troféu,
assim como faziam os 
índios, mamelucos
malucos.

Me consumo, 
Me como, 
Me devoro.
Me demoro...

Dou um tempo para conseguir, 
preciso descansar.
Carne dura como a minha 
é difícil digerir

Carne espiritual, 
alma.
Carne emocional, 
Músculo

Carne emocional: 
Carne moída!
Carne, CARNE, CARNE!!!
Antropo/auto fagia.

Rafael Caputti Caleffi
14/08/2002

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