terça-feira, 19 de junho de 2012

Cinza com tons dourados

Mais um texto antigo, de 2004. Numa época complicada de minha vida pessoal. Acho interessante observar a diferença de conteúdo destes textos mais antigos para os mais recentes. O próximo texto de hoje vai ilustrar muito bem isso. Espero que gostem


CINZA COM TONS DOURADOS

Qual a língua da dor?
Que palavras expressam o amor?
Não sei por que tanto sofro, 
Não sei por não.
Não sei por que, 
Não sei por quem. 
Sofro tanto que já não choro e 
o sol que antes aquecia
sofre ao brilhar e o seu cinza com tons dourados
fazem eu me sentir fora de mim!

Por que as estrelas
hoje são pontos negros no céu brilhante e, 
a lua hoje escurece até os mais brilhantes amores.

Fogo quente
congela minhas palavras no ar,
que caem no chão e se quebram
como cristal atirado contra parede, 
como espelho em momento de fúria.

E meu coração para, 
e a coragem me falta
Já não consigo falar.
Mal consigo pensar.

Já não sou mais eu em mim.
Já não sou ninguém assim.

Sou dor, sou frio
sou só
Sou eu
que não sou eu.

Apesar da alegria de viver, 
a vontade me escapa, 
como areia entre os dedos e
a unica coisa à qual posso me apegar
é ao que não me restou
da fração do homem que ja fui.

Rafael Caputti Caleffi
06/06/2004

Pedido de desculpas

Gostaria de pedir desculpas para meus (poucos) fieis leitores mas este blog, pelo menos até este momento, não vera a integra de meus manuscritos. Relendo meus textos mais antigos, percebi que escrevi muitas coisas que foram destinadas à algumas pessoas que passaram em minha vida e que, mesmo nunca sendo vistos por quem os motivou, não me sinto bem em disponibiliza-los.
Sei que se eu não colocasse este texto no blog, ninguém sequer perceberia. Mas acho que é honesto de minha parte. Hoje, mais dois textos. aguardem.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ensaio sobre a perda

Mais um texto relativamente antigo (não tanto quanto o anterior). Não me recordo o motivo deste ensaio mas sei que veio do coração. Não gosto muito de meus textos antigos por que me vejo imaturo e despreparado.. mas afinal de contas, isso é obvio, ja que até então não tinha vivido tudo que vivi até hoje.

ENSAIO SOBRE A PERDA

Assusta a ideia de não ter mais.
Esse sentimento de impotência, de incapacidade, de um dia acordar e simplesmente não ter mais é aterrador.
Não sei dizer se é egoismo, amor ou algum outro sentimento; desses que fazem a gente querer quem amamos bem juntinho de nós. SEMPRE.
Não sei dizer, também, se é bom ou ruim manter este sentimento dentro do peito. Se é que é possível simplesmente nos desfazermos dele. 
Dói só de pensar em não te-los junto de nós. Dói pensar que, mesmo estando livres da dor, do sofrimento e da limitação, eles não estarão ao alcance de nosso toque, de nosso olhar. 
Sei também que o amor não tem fronteiras. Não conhece limites como paredes, grades, portas cercas ou mesmo a carne. 
O amor desconhece distancia ou tempo.
O amor é eterno. Simplesmente segue.
Um dia acordamos e descobrimos que só nos resta o amor. Só nos resta a certeza de que amamos ao máximo e a duvida se amamos tudo e todos que pudemos. 
Se algum dia alguém ler este ensaio, deixo um recado: Ame! Ame com todo o seu ser. Ame como se sua vida dependesse disso. Mas não só ame. Deixe-se ser amado. Deixe-se ser amado com a mesma intensidade com que você ama. 
Por ultimo, Ame, deixe-se ser amado mas também demonstre seu amor. Palavras, Atitudes, ações. 
Amar é importante, deixar-se ser amado é importante. Saber que você é amado em momentos onde nos imaginamos sozinhos, é libertador.

Rafael Caputti Caleffi
25/10/2009

AUTOFAGIA

Este texto escrevi ha mais de 10 anos. Encontrei ao folhear um antigo caderno de rascunhos. Sei que, de alguma forma este poema tem algo de imaturo, mas, ao mesmo tempo, me agrada pois tem alguma profundidade. Espero que gostem.


AUTOFAGIA

Tudo o que sei
Mostra tudo o que fui.
Não sei nada, 
Não fui ninguém. 

Sabedoria adquire-se.
Aconhecimento, se ganha.
amores, se perdem.

Tudo pelo que lutei 
some como a luz ao anoitecer.
Tudo que sempre fui
Morre como a noite ao amanhecer.

Morro a cada erro
Renasço a cada beijo.

Noites eternas de solidão
são ilhas de tristeza
em um mar de alegria, 
Minutos de certeza.

Certeza de que o amor não acabou.
Certeza de que amando sou amado.
mas o remorso me corrói a alma 
e o dia torna-se noite
e o amor e a alegria, 
nesse instante, 
são dor e autofagia.

Me consumo, 
Me devoro. 
Minha alma

Autofagia!
em analogia à 
Antropofagia.

Autofagia!
Consumo próprio
da própria carne.
Como troféu,
assim como faziam os 
índios, mamelucos
malucos.

Me consumo, 
Me como, 
Me devoro.
Me demoro...

Dou um tempo para conseguir, 
preciso descansar.
Carne dura como a minha 
é difícil digerir

Carne espiritual, 
alma.
Carne emocional, 
Músculo

Carne emocional: 
Carne moída!
Carne, CARNE, CARNE!!!
Antropo/auto fagia.

Rafael Caputti Caleffi
14/08/2002

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sobre o sofrimento e a auto-piedade

Observo cada vez mias estarrecido a tendencia dos seres Humanos se fecharem para a beleza da vida, o lado bom de tudo que acontece quando o sofrimento se faz presente.
Não incomum, o sofrimento torna-se uma obsessão. Drenando muito mais energia da vida e da alma das pessoas do que, se encarado de modo saudável, o sofrimento drenaria.'
É amplamente conhecido que, qualquer que seja  a dor, ela dói em quem sente. Um observador só pode, ainda assim, quando muito, imaginar o que o alvo de sua observação sente (muitos sequer possuem este tipo de empatia).
Somado ao fato de que todos, sem exceção, sofrem, , o desenvolvimento dessa obsessão por seu próprio sofrimento é, ao meu ver, uma das mais altas expressões de egoismo. Egoismo ao ponto de, tampouco raro, passar-se a usar o sofrimento como objeto de disputa: "Ah! mas eu sofro muito mais do que você!"
Esse falso sentimento de auto-piedade esconde a incapacidade destas pessoas superarem o que quer que se faça necessário. 
Presas num ciclo interminável de angustia, auto-piedade, medo e conformismo, estas pessoas simplesmente não conseguem ver a beleza e a dadiva concedida a cada um de nós, em tudo que fazemos, somos, temos...
Insatisfeitas com o sofrimento que possuem e do qual não querem se livrar, as pessoas buscam e/ou criam mais e mais empecilhos, transformando e transfigurando, aos seus olhos ao menos, sua vida e sua historia em um martírio cujo único fim é a morte.
Poucas pessoas conseguem reconhecer que os sofrimentos que não podemos evitar, na nossa vida, são muito poucos quando comparados com os sofrimentos que escolhemos e/ou causamos a nós mesmos.
Em fim, poderia discorrer indefinidamente sobre a capacidade humana de sentir auto-piedade por sofrimentos auto-infligidos, mas como tenho tantas outras coisas mais importantes para fazer, vou me ater à estas palavras finais: Pare de chorar por estar sofrendo. Você pode não ser a pessoa mais afortunada do mundo, mas está longe de ter motivos suficientes para se auto-denominar a mais infeliz. Já passou da hora de parar de chorar e sentir pena de você mesmo e começar a crescer e amadurecer. 

Sobre peixinhos dourados e aves

Escrevo por que preciso, não porque quero. 
As ideias e pensamentos forçam sua saída, não sou eu quem escolhe quando e o que escrever. É involuntário.
Mesmo sendo dono de minhas ideias, não sou seu senhor. Minhas ideias são livres para ir e vir, são livres para mudar a seu bel prazer. Para se adaptarem como melhor lhes convir. 
A liberdade que dou às minhas ideias e retribuída na mesma moeda. Sou livre para ser feliz por não ser escravo das ideias que deixo livre. 
Ser escravo de ideias é o mesmo que se ver preso em um aquário: pode-se ver o mundo, mas uma barreira invisível nos mantém dele. Nos protege, sim, dos perigos - a maioria; não todos - do mundo mas, protegendo, nos impede de viver as possibilidades ilimitadas que só se apresentam a quem se arrisca.
Não sou peixinho dourado (apesar de loiro) para viver limitado pelas paredes invisíveis que as ideias cristalizadas criam; paredes de vidro que pensamos - acreditamos - nos protegem mas que, num confronto direto se estilhaçam, ferem, desestabilizam.
Não sou peixinho dourado. Sou andorinha, águia, condor, pomba. 
Sou Condor porque, ao não ser escravo das minhas ideias, tenho a envergadura da maior ave de todas. Voo alto sem esforço.
Sou Águia pois a liberdade nos da a habilidade de ver (mais do que enxergar) muito alem do obvio.
Sou Andorinha por que, não sendo refém de ideias, tenho agilidade, velocidade. Mudo de direção tão pronto quanto desejar; tão imediato quanto pensar, me esquivo para fugir ou lutar. 
Sou Pomba pois, mesmo desbravando novos horizontes e possibilidades, jamais me esqueço minha origem e, quando desejo, retorno ao que era sem pestanejar. 
Sou as quatro aves juntas e, ao mesmo tempo, nenhuma delas. Sou coerente. Sou livre. Sou feliz. 
Nossa liberdade, como a de qualquer ser vivo, é fonte inesgotável de felicidade. Mas somente para aqueles que sabem tirar proveito desta liberdade. 
Todos os que não sabem fazer bom uso da liberdade que possuem ou que ignoram as responsabilidades que a liberdade demanda (sim, liberdade não é isenção ou inexistência de responsabilidade - isso é libertinagem - muito pelo contrario).
Um dia conclui que o homem deixaria de ser homem se, um dia, não existissem mais responsabilidades. A falta ou inexistência de responsabilidades instaura a loucura.
O Homem sem responsabilidade se torna selvagem, retorna às origens animalescas. 
A ciência prega que o que difere o Homem dos animais é sua capacidade de pensar. Pensar irresponsavelmente e, consequentemente, agir da mesma maneira, é deixa de ser humano. 
Ser ou não ser escravo das suas ideias implica em ser ou não responsável por elas. 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Do amor ao próprio

Quando o amor ao próximo 
é maior que o amor próprio, 
Amar se torna dor
e o sabor se torna amargo

Quando sofremos por outros, 
Perdemos o norte de quem somos.  
Se sofremos amando,
 não amamos a nós mesmos. 

O amor é o que se chama 
desejar o bem e alem 
amarrado ele não vive
Derramado ele não cresce.

Quando o amor não é vivido
chama algo mais que amor
diferente, superficial e frio
Amor que é amor é imperfeito
mas verdadeiro.

Imperfeitos somos todos
nenhum livre de erros
Sofremos por amor
quando o amor é o veneno
que, na devida dosagem,
nos livraria de todo sofrimento.

O dia virá quando o Homem, 
homem e mulher,
idoso ou nem tanto
experiente, forte, ou não. 
O dia vira.

O amor será puro
livre de egoismo
o amor será verdadeiro
e a separação, por mais que doa
já não será mais traumática

Amar o próximo é 
pássaro em gaiola aberta. 
Onde há amor,  
amor de verdade, 
há liberdade.

Qualquer limite à essa liberdade
é egoismo, 
achar que possui, 
falta de amor.

Falta do mesmo amor
que se diz tanto ter.

Amar de verdade é um desafio
que se faz necessário
nessa busca louca e incessante
que cada unidade humana
consciente ou não
tem pelo que se chama
FELICIDADE. 



terça-feira, 12 de junho de 2012

O menino e a Pipa


Olha o menino descalço
Que vai ao encalço da pipa que cai
Ao longo do chão da rua de terra...

Olha o pé surrado,
A pele queimada de sol,
Os olhos com brilho de lua...

Olha o menino
Que sobe o morro,
Com sorriso estampado no rosto,
Cerol no bolso
E a pipa na mão...

Olha o menino!
Antes que ele suma.

E lhe contempla a fugaz beleza
Da pequena alegria,
De ser malandro do jeito
Mais inocente que poderia,

Na favela, no meio da selvageria
Que se mistura com gente honesta e sofrida

Observa que nesse exato momento não há tristeza.

Olha de perto, que o menino descalço,
Com a pipa na mão
É a vida.

Sobre relacionamentos

Aproveitando a oportunidade, gostaria de deixar aqui algumas considerações que, depois de 28 anos de vida, muitos destes, dividindo o coração com outra pessoa (uma namorada), me fizeram entender:


1- Para amar outra pessoa, antes, é necessário se amar;


2- Ninguém é obrigado a nos fazer feliz. A felicidade dos outros é, muitas vezes, um fardo que não se quer carregar (eu mesmo, não quero);


3- O parceiro ou a parceira deve ser um companheiro e amigo, sempre. Disponível para os momentos bons e ruins;

4 - Num relacionamento saudável e duradouro, abas as partes devem se beneficiar do convívio com o outro, ou seja, todos devem crescer e amadurecer com o convívio com o parceiro;


5- O amor não surge do nada (ao contrario da paixão). O amor é construído a partir de doação, dedicação, paciência;


6- A paixão desaparece com o tempo (deixando o amor, quando este é estruturado);


7- Se não existe troca (de experiências, de conhecimentos, de sentimentos, de carinho, etc), nenhum relacionamento se sustenta;


8- Se um dos dois, do casal, não está sendo o melhor que pode para o outro, não há futuro no relacionamento;


9- Se há doação total de uma das partes e não da outra, problemas futuros e sérios surgirão em breve;


10- Se você não se sente realizado no seu relacionamento, alguma coisa das 9 acima não está boa e, ou se muda o que precisa, ou se muda de relacionamento;



FELIZ DIA DOS NAMORADOS!!!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Mudanças!

Estes últimos dois ou três meses se mostraram um desafio para este que vos escreve. Auditorias foram 2. TCC em produção, viagem ao exterior, apresentação do TCC, provas, 1 mes passado em São Paulo com uma noite em casa para lavar as roupas e "rever" amigos e familiares. Ufa. está no fim.
Durante todo este período uma vontade incontrolável de ver toda esta correria acabar. Com mais enfase, a vontade de ver meu TCC completo e os 5 anos de faculdade finalmente se findarem. Me peguei imaginando tudo que mudaria na minha vida uma vez que tirasse da minha frente o obstaculo chamado faculdade. 
Ok. Terminei a faculdade! EEE! temos formatura? Não. Temos festa!!!?? Não. MUDOU ALGUMA COISA?!??!! NÃO!!
Temos a falsa impressão de que, ao passarmos uma fase de nossas vidas, completarmos um ciclo ou superarmos um grande desafio, muitas coisas aconteceram da noite pro dia. 
SURPRESA!
Nada muda.
Se bem que não podemos dizer que NADA muda. Sim, algo muda. Passamos a ver outras coisas como grandes problemas. Coisas que antes, por termos um objetivo claro em nossas vidas, eram vistas como coisas ou problemas menores mas que, ao assumirmos uma nova postura, tomam o lugar de sua antecessora e, de alguma forma, nada muda.
Tudo o que estou vivendo tem me obrigado a rever alguns valores e algumas prioridades. Mais do que nunca confirmo interiormente que é nos momentos de dificuldade que descobrimos o melhor e o pior das pessoas. Eu incluso.
Tenho descobrido o quanto eu não estou disposto a algumas coisas e o quanto estou disposto a outras. 
Vontade incontrolável de mudanças. 
Descoberta de uma paciência e auto controle que não imaginava que possuía. 
Em momentos como o que estou vivendo e que, por sorte, estão no fim, sofremos uma pressão interna e externa para tomarmos atitudes questionáveis. Pessoas com objetivos pouco claros (para nós, pelo menos) insistem em nos mostrar um caminho - geralmente sem volta - tentador, porém de destino sempre pouco positivo.
Tentamos suprimir a saudade de nossos queridos - todos. 
Tentamos suprimir, em verdade, qualquer sentimento que nos torna humanos. 
Vestimos nossa melhor fantasia de máquina e damos o melhor que temos. Entregamos nossa mente, corpo e alma por um objetivo que, dificilmente, nos trará qualquer recompensa adicional à minima que nos é devida por lei. 
Mas ai, então, mais uma vez, estamos chegando ao fim de nossas energias.
A sanidade parece difícil de manter. A dificuldade de manter a razão é inversamente proporcional à energia que temos e à vontade de nos doarmos a algo que não vemos sentido.
Mudanças se fazem cada vez mais necessárias! Quais? ainda não sei, mas espero, de coração, que muitas, profundas, duradouras e permanentes.
E a sanidade? 
Quem disse que ainda tenho alguma?!?!?!